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Ser disruptivo não é uma questão apenas de tecnologia. Tem mais relação com a cultura e o engajamento do negócio

Disruptivo. O adjetivo da moda no ambiente corporativo atual e obrigatório para todos que empreendem ou desejam criar seu próprio negócio. Uma empresa disruptiva é aquela que, de alguma forma, consegue romper com algo que já é consagrado em sua área e apresentar algo novo – certamente, uma qualidade essencial em um cenário cada vez mais competitivo.

Isso vale para a indústria, para startups e, claro, para o varejo. As organizações deste último setor precisam, mais do que nunca, inovar e trazer soluções diferentes para seu público se quiserem crescer e se destacar em seus segmentos.

Afinal, segundo a pesquisa High-Tech Retail – A tecnologia e o comportamento de compra do brasileiro, realizada pela Croma, três pontos irão influenciar a jornada de compra nos próximos três anos: comodidade (69%), tempo (61%) e atendimento (44%).

Em suma: o novo consumidor espera que os lojistas vendam rápido e melhor e o atendam sempre que precisar. É necessário, portanto, expandir a visão além do preço e do produto para aumentar a taxa de conversão no futuro.

Não é só tecnologia

O caminho da disrupção começa pelos dados. Eles trazem visibilidade sobre todas as esferas de um negócio, seja da ótica financeira, seja de operações ou de pessoas. São registros que formam um diamante muito valioso, mas que obrigatoriamente necessita de lapidação para obter um ganho real.

É neste ponto que entra a inteligência artificial: extrair insights e recomendações de informações estáticas para ter ganhos dinâmicos. O varejista que conseguir implantar soluções como essas terá vantagens exponenciais, tanto de produtividade quanto de lucratividade. É a velha máxima de fazer menos com mais, aumentando a eficiência, precisão e outros benefícios agregados.

Isso não significa que basta contratar softwares em seu dia a dia para resolver o problema. Ser disruptivo não é uma questão apenas tecnológica. Tem a ver mais com a cultura e o engajamento do negócio.

Além disso, há plataformas cujo legado analógico amedronta qualquer tentativa de mudança que possa mudar o curso da companhia. É preciso ser ousado e confiante não apenas para enfeitar a vitrine, mas mudar do núcleo diretivo para fora. Não basta colocar um provador interativo ou um self check-out – essas iniciativas devem ser o fim de uma estratégia que começa dentro – e não fora – da empresa.

Dessa forma, é necessário transformar a cultura e investir em mão de obra qualificada. Não que seja um cenário exclusivo do Brasil, mas aqui há políticas corporativas engessadas que comprometem a adoção de soluções inovadoras. Somente quando todos na empresa estiverem engajados em assimilar novos métodos é que o processo será mais fluido.

É, sem dúvida, o maior obstáculo para quem deseja ser disruptivo. A maior parte das estruturas ainda funciona no analógico, promovendo uma resistência ao novo e estimulando a pirotecnia em vez de eficiência. Ou seja, começar pelo que é mais fácil, mas não transformar realmente a base da companhia.

Esses são os desafios que se colocam à frente dos varejista nos próximos meses. Ser disruptivo não é mais um belo discurso de marketing, mas uma necessidade estratégica para o setor. E como o próprio significado da palavra já diz : “mude o curso natural”. Além disso crie, recrie, até erre, mas não se deixe prender por processos enviesados. E lembre-se: a primeira disrupção é mental e só depois tecnológica.

* por Flavia Pini , CEO da FX Retail Analytics, empresa que oferece inteligência para o varejo por meio do monitoramento de fluxo

 

Fonte: No Varejo / Consumidor Moderno